sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Natureza


Brasil não é único com lei que restringe corte de florestas, diz estudo

Relatório afirma que desmate em área privada não preocupa apenas o país.
Dos 11 países analisados, somente Brasil e Indonésia reduzem vegetação.

Estudo realizado por organizações do Brasil e do exterior sobre a legislação ambiental de um grupo de 11 países mostra que não é apenas o Brasil que impõe restrições ao corte de florestas em propriedades privadas.
A pesquisa, elaborada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em parceria com o Proforest, instituição ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra, é uma resposta à provocação da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Em debate sobre a reforma do Código Florestal, a senadora disse que exigência de os proprietários rurais preservarem a vegetação nativa em parcela de 20% a 80% de seus imóveis era como jabuticaba, ou seja, um fruto que só existiria aqui.
"Nosso código está longe de ser uma jabuticaba. Há muitas outras nações com leis igualmente rígidas de proteção florestal", diz trecho da nota técnica divulgada nesta quinta-feira (6).
 Brasil na contramão
O estudo mostra que países como China, Japão, Alemanha, França, Holanda, Polônia, Grã-Bretanha e Suécia aumentaram a cobertura florestal nos últimos 60 anos, como parte do processo de desenvolvimento. A exceção no grupo de países selecionados é a Indonésia, que viu a cobertura florestal despencar de 84% para 52% do território desde 1950.
A trajetória da Indonésia se assemelha à do Brasil. O país tem atualmente 56% da cobertura florestal mantida, de acordo com os critérios usados pela FAO, a organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação. No início dos anos 50, o Brasil ainda tinha 90% do território com florestas, considerada também a cobertura vegetal nativa do cerrado.
"Os 56% de cobertura florestal remanescente no País seriam o fundo do poço. O perigo do debate do Código Florestal é cavar ainda mais esse buraco e chegarmos a 2020 com menos de 50% do território preservado", avaliou o pesquisador Adalberto Veríssimo, que coordenou a pesquisa do Imazon e de Oxford.
Desmatamento e queimada registrados em setembro de 2010 na região de Lábrea, no Sul do estado do Amazonas. Sistema de medição do Inpe detectou devastação de 7 mil km² em 2010 (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE )Desmatamento e queimada registrados em setembro de 2010 na região de Lábrea, no Sul do estado do Amazonas (Foto: Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE )
Metas
A redução do desmatamento é o principal compromisso assumido pelo Brasil para combater as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Lei promulgada em 2009 determina a redução de 80% do ritmo de desmatamento na Amazônia e de 40% no Cerrado, até 2020.
Na maioria dos países pesquisados, o corte de florestas depende de uma permissão prévia do governo e de uma compensação. No Japão, que registra a o maior porcentual de florestas (69%), o abate de árvores só é admitido em situações excepcionais. Também há incentivos ao reflorestamento.

sábado, 1 de outubro de 2011

As alterações climáticas vão mudar o homem de lugar

O aquecimento global e as suas conseqüências prometem agravar ainda mais a situação dos refugiados ambientais. E o Brasil não deve ser exceção à essa realidade
Por André Campos

Furacão Catarina, o primeiro furacão registrado na
costa brasileira (Foto: Modis-Nasa/ GSFC)
Estudos da Universidade das Nações Unidas (UNU) indicam que o número de pessoas fugindo de condições ambientais desfavoráveis deve crescer consideravelmente nas próximas décadas devido aos efeitos das mudanças climáticas. E o Brasil, ao que tudo indica, não será uma exceção. “Com o planeta mais quente, projeções mostram que o clima fica mais variável”, revela Carlos Nobre, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-INPE). “As enchentes e as secas podem acontecer com mais freqüência.”

Má notícia para um país onde a ocupação humana é fortemente atrelada ao caminho dos rios, e onde o crescimento urbano desordenado atinge diversas áreas de mananciais. Só no estado de São Paulo, são 1,5 milhões de pessoas vivendo em locais do gênero. Segundo dados da UNU, num ranking envolvendo 97 países o Brasil tem a sétima maior média anual de pessoas atingidas por enchentes. Somente de 2000 a 2005, foram 280 mil os brasileiros desabrigados pelo fenômeno.
No segundo semestre de 2005, a mais severa seca que atingiu a Amazônia em 40 anos deu amostras de como a intensificação de eventos assim pode trazer enormes prejuízos às populações indígenas e ribeirinhas da região. Num lugar onde os rios são as principais estradas, foi a falta de água que deixou milhares de pessoas ilhadas. Segundo a Federação dos Pescadores do Estado do Amazonas (Fepesca), 25 mil pescadores estavam parados em outubro por causa da vazante dos rios. “Vamos supor que ocorram três anos seguidos de secas como essa”, imagina Marcos Pindá, presidente da Fepesca. “Isso pode levar comunidades inteiras a irem embora para outros locais, até mesmo atrás de água pra beber.”
O quanto dessa estiagem pode ser creditada às mudanças climáticas permanece sendo uma questão bastante nebulosa. No entanto, são fortes os indícios de que a própria dinâmica de exploração estabelecida em terras amazônicas pode, no futuro, provocar um impacto significativo no clima local. Simulações climáticas brasileiras e de outros países mostram que, com a Amazônia amplamente desmatada, há realmente uma tendência de diminuição das chuvas na região.

Para o pesquisador Emerson Marcelino, se o
Catarina tivesse atingido áreas mais populosas,
teríamos muitas vítimas fatais (Foto: divulgação)
E se ainda há mistérios em relação à seca da Amazônia, o que dizer a respeito do furacão Catarina? Em março de 2004, ele se tornou o primeiro furacão já registrado em águas do Atlântico Sul – e também o primeiro a avançar sobre a costa brasileira. O inesperado visitante confundiu meteorologistas e causou prejuízos em dezenas de municípios. Somente em Santa Catarina, o estado mais atingido, foram 53 mil edificações danificadas e 2,2 mil pessoas desabrigadas. Além disso, 1,1 mil foram obrigados a se deslocar da região onde vivem. Passados quase três anos, permanece a dúvida: este foi um evento isolado ou o Brasil pode vir a integrar um dia a chamada “rota dos furacões”?

“Ainda não existem evidências científicas suficientes para relacionar o furacão Catarina com as mudanças climáticas”, acredita Emerson Marcelino, doutorando do Instituto de Geografia da Unicamp (IG-Unicamp) e pesquisador do Grupo de Estudos de Desastres Naturais da Universidade Federal de Santa Catarina (GEDN – UFSC). Marcelino foi um dos três pesquisadores que estiveram presentes no olho do furacão. Há, no entanto, um estudo do Met Office – o centro de meteorologia da Grã-Bretanha – mostrando que o fenômeno ocorreu justamente em uma área onde é esperado um aumento significativo de ciclones extra-tropicais ainda para este século – o Catarina originou-se a partir de um desses ciclones.
“Se ele tivesse entrado na região da Grande Florianópolis ou Vale do Itajaí, teria sido um grande caos”, acredita Marcelino. “O número de vítimas fatais e danos seria muito elevado.” Nos últimos anos, os furacões de categoria quatro e cinco – as mais intensas na escala internacional – praticamente dobraram em número, passando de 50 eventos na década de 1970 para 90 na última década. O Catarina foi classificado como fenômeno de categoria dois.
Furacões são uma das principais causas de deslocamento massivo de pessoas no mundo. E, muitas vezes, este pode ser um caminho sem volta. Pesquisas financiadas pela ONG norte-americana Earth Policy Institute mostram que, um ano após a passagem do Katrina pelos EUA, 375 mil dos cerca de um milhão de evacuados ainda não haviam retornado às suas cidades. “Na nossa avaliação, cerca de 250 mil não devem realmente voltar”, estima Lester Brown, presidente do Instituto. As causas, segundo ele, vão desde traumas psicológicos até o alto preço da reconstrução, principalmente para aqueles cujas casas não estavam seguradas. “Ainda hoje, há grandes partes de Nova Orleans que não possuem água e eletricidade.”
Cidades alagadas
O aumento do nível dos mares, mais clara conseqüência do aquecimento do planeta, é outra realidade que não pode ser esquecida. Cenários extremos previstos pelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que os oceanos podem estar até 88 cm mais elevados em 2100. “Em cidades litorâneas muito baixas, como Recife, isso pode significar um avanço do mar em centenas de metros”, acredita Nobre. Outra conseqüência possível é a intrusão de águas salinas nos lençóis freáticos das cidades, algo que pode contaminar o abastecimento de água. “No horizonte de um século, se o aquecimento global continuar, certamente a costa do Brasil precisará de obras de engenharia. E essa ainda é uma questão muito distante da agenda política do país.”
Carlos Nobre, do Inpe: Brasil despreparado
para lidar com mudanças climáticas
(Foto: André Campos)
Devido à elevação do mar, já existem inclusive países ameaçados de sumirem do mapa. É o caso de Tuvalu, arquipélago de nove ilhas e 11 mil habitantes localizado no Oceano Pacífico. Com ponto culminante de apenas cinco metros, o país já sofre com inundações e com a intrusão de água salina nos rios. A situação é tão grave que já existe inclusive um acordo com a Nova Zelândia para que o país receba os habitantes do arquipélago. Válido desde 2002, o acordo permite que 75 pessoas por ano ingressem no território vizinho.

Para Nobre, outra perspectiva das mudanças climáticas ainda não devidamente digerida é o potencial danoso que o aquecimento global pode ter sobre a agricultura brasileira. Pesquisas capitaneadas pela Embrapa Informática Agropecuária mostram que um aumento de 5,8ºC na temperatura do planeta – cenário extremo previsto pelo IPCC para 2100 – deve reduzir em 38% a área de arroz cultivável no país. Para a soja, essa redução seria de 60%, e outras culturas como o feijão e o milho também sofreriam perdas substanciais. “A preocupação com isso ainda é muito confinada à comunidade científica”, acredita. “O debate sobre quais seriam as respostas adequadas em termos de políticas agrícolas e científicas continua muito tênue.”
Seja devido à dependência econômica em relação à agricultura ou à fragilidade social, tudo indica que os países em desenvolvimento serão os mais afetados pelas mudanças climáticas. Mas, no caso brasileiro, não somos apenas as vítimas, mas também importantes responsáveis pelo aprofundamento do problema. O Brasil é hoje o 4º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, sendo que 75% da nossa contribuição advêm das queimadas e do desmatamento. Um indicativo de como ainda nos ocupamos muito mais com a destruição de áreas virgens do que com a recuperação daquelas já destruídas. “A cada ano nós temos menos locais na Terra onde é possível viver”, afirma Leiderman, pesquisador da Universidade de New Hampshire. “Os refugiados ambientais são um indicador dessa realidade.”
Outras matérias do Especial sobre refugiados ambientais:
Secas e desertos no Brasil: velhos dilemas e novos desafios
Hidrelétricas colocam comunidades embaixo de água
Espécies invasoras chegam, trabalhadores rurais vão emboraRefugiados ambientais

sábado, 2 de julho de 2011

Poluição da Água Poluição ambiental, poluição industrial, poluição das águas, poluição dos rios, contaminação da água,

Introdução 
A água é um bem precioso e cada vez mais tema de debates no mundo todo. O uso irracional e a poluição de fontes importantes (rios e lagos), podem ocasionar a falta de água doce muito em breve, caso nenhuma providência seja tomada.
Falta de água 
Este milênio que está começando, apresenta o grande desafio de evitar a falta de água. Um estudo recente da revista Science (julho de 2000) mostrou que aproximadamente 2 bilhões de habitantes enfrentam a falta de água no mundo. Em breve poderá faltar água para irrigação em diversos países, principalmente nos mais pobres. Os continentes mais atingidos pela falta de água são: África, Ásia Central e o Oriente Médio. Entre os anos de 1990 e 1995, a necessidade por água doce aumentou cerca de duas vezes mais que a população mundial. Isso ocorreu provocado pelo alto consumo de água em atividades industriais e zonas agrícolas. Infelizmente, apenas 2,5% da água do planeta Terra são de água doce, sendo que apenas 0,08% está em regiões acessíveis ao ser humano.
Causas da poluição das águas do planeta 
As principais causas de deteriorização dos rios, lagos e dos oceanos são: poluição e contaminação por poluentes e esgotos. O ser humano tem causado todo este prejuízo à natureza, através dos lixos, esgotos, dejetos químicos industriais e mineração sem controle.
Em função destes problemas, os governos preocupados, tem incentivado a exploração de aqüíferos (grandes reservas de água doce subterrâneas). Na América do Sul, temos o Aqüífero Guarani, um dos maiores do mundo e ainda pouco utilizado.Grande parte das águas deste aqüífero situa-se em subsolo brasileiro.
Problemas gerados pela poluição das águas 
Estudos da Comissão Mundial de Água e de outros organismos internacionais demonstram que cerca de 3 bilhões de habitantes em nosso planeta estão vivendo sem o mínimo necessário de condições sanitárias.Um milhão não tem acesso à água potável. Em virtude desses graves problemas, espalham-se diversas doenças como diarréia, esquistossomose, hepatite e febre tifóide, que matam mais de 5 milhões de seres humanos por ano, sendo que um número maior de doentes sobrecarregam os precários sistemas de saúde destes países.
Soluções 
Com o objetivo de buscar soluções para os problemas dos recursos hídricos da Terra, foi realizado no Japão, em março de 2003, o III Fórum Mundial de Água. Políticos, estudiosos e autoridades do mundo todo aprovaram medidas e mecanismos de preservação dos recursos hídricos. Estes documentos reafirmam que a água doce é extremamente importante para a vida e saúde das pessoas e defende que, para que ela não falte no século XXI, alguns desafios devem ser urgentemente superados: o atendimento das necessidades básicas da população, a garantia do abastecimento de alimentos, a proteção dos ecossistemas e mananciais, a administração de riscos, a valorização da água, a divisão dos recursos hídricos e a eficiente administração dos recursos hídricos.
Embora muitas soluções sejam buscadas em esferas governamentais e em congressos mundiais, no cotidiano todos podem colaborar para que a água doce não falte. A economia e o uso racional da água deve estar presente nas atitudes diárias de cada cidadão. A pessoa consciente deve economizar, pois o desperdício de água doce pode trazer drásticas conseqüências num futuro pouco distante.
Dicas de economia de água: Feche bem as torneiras, regule a descarga do banheiro, tome banhos curtos, não gaste água lavando carro ou calçadas, reutilize a água para diversas atividades, não jogue lixo em rios e lagos, respeite as regiões de mananciais.
                                           DESERTIFICAÇÃO 
 Desertificação é o fenômeno que corresponde à transformação de uma área num deserto. Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a desertificação é "a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas". Considera as áreas suscetíveis aquelas com índice de aridez entre 0,05 e 0,65. A ONU adotou o dia 17 de Junho como o Dia Mundial de Combate à Desertificação
     O termo desertificação tem sido muito utilizado para a perda da capacidade produtiva dos ecossistemas causada pela atividade humana. Devido às condições ambientais, as atividades econômicas desenvolvidas em uma região podem ultrapassar a capacidade de suporte e de sustentabilidade. O processo é pouco perceptível a curto prazo pelas populações locais. Há também erosão genética da fauna e flora, extinção de espécies e proliferação eventual de espécies exóticas. 
     No Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação são as regiões de clima semiárido ou subúmido seco, encontrados no Nordeste brasileiro e norte de Minas Gerais. Situam-se nesta região suscetível 1201 municípios, numa área de 1.130.790,53 km², 710.437,30 km² (62,8 %) de clima semiárido e 420.258,80 km² (37,2 %) de clima subúmidos secos.
              São quatro os núcleos de desertificação intensa, que abrangem uma área de 18.743,5 km2Gilbués-PI, Irauçuba-CE, Seridó-RN e Cabrobó-PE. O semi-árido brasileiro também apresenta em 10% de sua área processos graves de desertificação.